Um passeio ao cemitério

A história que vou contar aconteceu em meados de 1992, quando eu tinha 16 anos de idade. Eu era gótica, um movimento bastante vivo na época, que vivia em luto pelas tristezas do mundo. Me vestia de preto, batom e unhas pretas e andava com jovens de afinidade igual. Frequentava um barzinho chamado Madame Satã, estilo gótico. Músicas a rigor, decoração inusitada, com abóboras acesas com velas, sofás rasgados, um candelabro gigante, cheio de velas, desenhos de caveiras e outras coisas com tema de morte, com pessoas sinistras andando de um lado para o outro, com maquiagem sombrias. (Atualmente tem o nome de Madame Underground Club, situado à Rua Conselheiro Ramalho, próximo ao Bairro do Bixiga.) Era entrada free até meia noite. O que combinava com o pouco dinheiro que restava para uma garrafa de vinho barato. Ficávamos curtindo o som, os outros góticos e o ambiente, pois o espaço era muito combinativo (para quem curtia o movimento). Depois que o bar fechava, caminhávamos até o cemitério da...